Provas Combinadas, um desafio para treinador e atletas
Entrevista com Tomé Agostinho, técnico de Provas Combinadas do JV.
Após o sucesso nos Campeonatos Nacionais de Provas Combinadas, onde o Juventude Vidigalense esteve representado com 7 atletas e alcançou 3 medalhas, estivemos à conversa com um dos grandes responsáveis desta prestação, Tomé Agostinho - treinador de 4 dos atletas da comitiva. O técnico está ligado ao clube desde 2012, sendo o atual responsável pelo setor de combinadas do clube onde tem vindo a desenvolver um trabalho extraordinário, tal como comprovam os recentes resultados.
Qual o balanço que fazes dos Campeonatos Nacionais que se realizaram no último fim de semana?
O balanço destes campeonatos é extremamente positivo. A grande maioria dos atletas melhorou os seus recordes pessoais das provas combinadas e estiveram ao seu melhor nível nas diversas disciplinas, tendo realizados bastantes recordes pessoais e várias marcas de qualificação para os campeonatos nacionais individuais.
Há que destacar o vice título do Diogo Meneses, nos Sub20, e os terceiros lugares da Raquel Lourenço, em seniores, e da Vera Goucha, em Sub18. A Vera teve uma grande disputa com a Lara Duarte por esta medalha que, no meu entender, foi bastante positiva e fez com que ambas se superassem e fizessem vários recordes pessoais de boa valia.
Pela negativa tivemos a ausência por lesão do André Oliveira que foi um atleta que esteve em bom nível na época de inverno e certamente ia lutar pelos lugares cimeiros nesta competição e realizar bom resultado no decatlo. Espero que o André recupere rápido e consiga, brevemente, mostrar o seu valor na pista.
Quais os principais objetivos para o que resta da época destes jovens?
Para o que resta da época, estes atletas vão procurar ter os melhores resultados possível nos campeonatos nacionais individuais nas disciplinas em que mais se destacam, ajudar o clube nas classificações coletivas desses campeonatos e ajudar o clube no campeonato de clubes, caso sejam solicitados. Para além disso, ainda terão mais uma competição de provas combinadas a fechar a época, que será uma oportunidade para tentarem melhorar os seus recordes pessoais das provas combinadas.
Quais os principais desafios para um treinador de provas combinadas?
Os maiores desafios são, sem dúvida, conseguir fazer um plano de treino que permita melhorar em todas as disciplinas e qualidades físicas, e também conseguir ter um conhecimento adequado de todas as disciplinas que compõe as provas combinadas.
Felizmente, no meu caso pessoal, o Juventude Vidigalense tem treinadores especialistas em todas as disciplinas, que estão sempre prontos a ajudar quando solicito alguma colaboração. Para além disso, procuro falar com outros treinadores fora da estrutura, sejam de provas combinadas ou de alguma disciplina específica, e estar presente no máximo de ações de formação possível para que me consiga manter o mais atualizado possível.
Qual a maior dificuldade na gestão do processo de treino de preparação para tantas provas?
Sem dúvida que não é fácil gerir um processo de treino onde se treinam tantas disciplinas e ainda é necessário juntar a isso o treino das qualidades físicas.
É um processo que requer muito tempo e que as sessões de treino tenham bastantes conteúdos por cada unidade de treino. Assim o tempo que se dedica a cada disciplina é sempre menor do que o tempo a que se dedica um especialista, o que faz com que não se consiga atingir a “perfeição” em nenhuma, dando sempre alguma sensação de que o processo está inacabado e que há margem para melhorias.
Ao nível em que trabalhamos nesta altura sem dúvida que o tempo é o fator mais limitante, porque os atletas têm outras atividades para além do atletismo, mas tem havido um grande empenho de todos para que se treine o tempo necessário e os resultados alcançados são prova do empenho de todos.
Para ti, quais os fatores mais relevantes para que continuem a aparecer jovens de qualidade no setor?
O fator mais relevante para isso acontecer será sempre que os jovens abordem todas as disciplinas do atletismo nos escalões de formação com bastante seriedade e entusiasmo. Isto certamente dará aos jovens uma boa formação multidisciplinar e fará com que seja possível perceber quais os jovens que poderão destacar-se nas provas combinadas.
Para além disso, é importante que se consiga transmitir aos jovens o gosto pelo treino e por estar na pista, porque para se ser atleta de provas combinadas de bom nível certamente terão que treinar bastantes horas, e é fundamental que estejam motivados para isso.
Por último, é necessário que existam competições de provas combinadas para os escalões mais jovens. Com a situação de pandemia que passamos, praticamente não tem havido provas combinadas para esses escalões e isso faz com que estes atletas não experienciem o ambiente das provas combinadas. Estar dois dias na pista com os mesmos colegas/adversários, a realizar várias disciplinas e ter uma classificação por pontos com base nos resultados dessas disciplinas é sem dúvida diferente, e logo que seja possível era bom que os jovens atletas pudessem passar por essa experiência.